quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O corpo habitua-se a tudo

Quando entrei para o Yoga estava completamente enferrujada e a minha professora na altura, perante a minha impossibilidade de me contorcer em certos exercícios, disse-me: o corpo habitua-se a tudo.

Um dia fui passear para um jardim da cidade e sentei-me num banco a relaxar. Ao meu lado estava um casal de meia-idade. Ele estava muito mal-disposto e fartou-se de lhe dizer coisas desagradáveis. Ela mexia-lhe no cabelo, ele ladrava. Ela fazia um comentário sobre os patos, ele grunhia. Ela coçava a orelha, ele praguejava. Ela fartava-se de rir, como se tudo o que ele dizia tivesse piada.

Percebi que aquilo era uma dinâmica de casal, mas aquela situação desagradou-me. Apesar da ligeireza da senhora (que era muito bonita)  perante o sucedido, tive pena dela e imaginei-a a viver com aquilo diariamente. Um homem com uma má-educação e má-disposição crónicas.

Em certas situações o que me chateia, muitas vezes, não é a situação em si. É a situação já não me chatear. De todo. E dou por mim a rir às gargalhadas, como a senhora bonita do banco do jardim.

Violeta

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