terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Horas que se transformam em minutos


Vou contar um segredo que não contei a ninguém. Sinto-me atraída por uma pessoa. Um homem, que não o meu. Mas é meu amigo. Mais ou menos. E mais amigo ainda do meu marido.

Esta estória tem pouca história. Pouco tempo depois de me casar conheci-o. Bonito, atencioso, reservado e comedido. Na altura ele tinha um relacionamento, mas depois deixou de o ter. E foi aí que, para mim, as coisas começaram a mudar. Só um bocadinho. E às vezes afectam-me mais que outras. Neste momento ando tranquila e consigo estar serena em relação a isso. Serana e racional. Por isso estou a escrever sobre o assunto… Não me sinto culpada (quase nunca), porque sei que é normal

Um dia tivemos um jantar em casa de alguém. Éramos muitos amigos. Aos poucos todos se foram indo embora. E ficámos nós dois na conversa sozinhos: falávamos de nós, da nossa infância, dos nossos gostos, das nossas recordações, das nossas famílias, dos livros que líamos, das músicas que ouvíamos, de alguns medos e alguns desejos… Nunca revelámos muito, revelando tudo. Será que me faço entender? 

As conversas eram íntimas, sem serem privadas. E de repente eram quatro da manhã e despedimo-nos. E ele despediu-se de mim com pena, com um brilho no olhar e olhou para trás num último aceno. Foi este último aceno que me condenou e nunca mais me largou.

 E vieram outras conversas parecidas. Só quando estávamos sozinhos. E mais brilhos quando me via. Ou se despedia. Comecei a procurá-lo. Casuais eram os encontros, sem o serem. E só falo por mim, claro! Certo?

E depois tive de deitar um balde de água fria por mim abaixo. E afastei-me. O máximo que pude. Nunca mais consegui ser amiga como era no início. Nunca mais consegui marcar um café, como marco com a Ema ou com a Elisabete. 

Há cerca de 1 ano que sinto isto assim. Aquece e arrefece. E depois concentro-me em outra coisa. Não quero dar a impressão errada. Já devo ter dado a certa, certo?

Há um mês atrás iniciámos trocas esporádicas de emails informativos: com coisas que gostamos e que sugerimos ao outro. Entre essas coisas vêm muitas músicas e muitas delas falam de amor. E fico confusa. Mas na verdade a maior parte das músicas falam de amor, não é?

Hoje não estou confusa e sei que somos dois amigos a trocar ideias. Mas amanhã não sei e às vezes tenho medo. Medo não, receio. Não propriamente do que pode acontecer, mas antes do que queria que acontecesse. Vou parar com os emails e as conversas de horas que parecem minutos, quando ninguém vê. A partir de hoje.

E depois concentro-me em outra coisa. Nem que seja em meias e cuecas.

Violeta

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