sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Foda do lar


É de manhã e neste momento estou no comboio.

 Acordei cedo, vesti-me de forma elegante, mas descontraída, maquilhei-me para que pareça que não estou maquilhada e dei aquele jeitinho ao cabelo. Usei o creme corporal especial (aquele que cheira mesmo bem e que custou os olhos da cara) e enfiei os sapatos altos.

 A viagem de comboio é de média distância, por isso já tive tempo de rever a proposta que vou apresentar daqui a algumas horas, numa reunião que tenho marcada com uma das empresas mais importantes (leia-se com muito dinheiro) de Portugal. É uma reunião importante e dela dependem muitas coisas, mas não estou nervosa. De certeza que vai correr bem e já percebi que se as coisas não avançarem, não será por falta de empenho ou profissionalismo meu, mas sim devido à p*%& da crise (também estou farta de ouvir esta palavra, não p*%& - essa uso com frequência -, mas sim crise).

Fazendo o ponto da situação: estou gira e confiante, o que resto está nas mãos de ... Deus? 

Aproveitei para dar uma limpeza ao meu portátil. Limpeza de pó e dedadas. Detesto abrir o PC e aperceber-me que está cheio de lixo, que com a luz de casa não se vê. (Não vos acontece?) E com isto lembro-me de uma coisa que me preocupa. E que me perturba desde que acordei, enquanto tomava banho e me penteava e maquilhava e escolhia os sapatos adequados…

 Dez minutos depois do despertador tocar, e enquanto dormia “só mais um bocadinho”, veio-me à memória que tinha uma máquina de roupa cheia e acabada de lavar e que até à noite, quando chegar a casa, vai ter que lá ficar a ganhar mofo. E tenho quase toda a certeza que esta lembrança me vai assombrar durante a reunião, ainda que seja em algum momento pontual.

Na verdade o que me perturba não são aqueles 7 quilos de roupa molhada que estão a ganhar musgo dentro da máquina. O que me perturba realmente é que nada fazia prever que, um dia, este tipo de situação me pudesse preocupar ou ocupar o pensamento mais que um segundo. E de repente é a roupa, é o pó, é o frigorífico vazio, é a cama por fazer, é...

Não gosto de tarefas domésticas. Na adolescência, quando me projectava com a idade que tenho agora, imaginava-me tal como estou (mais magra 4 quilo, talvez), mas sem as preocupações domésticas à mistura. E como esta preocupação não estava prevista, deixa-me um pouco desnorteada. E isto faz-me lembrar que há uma série de coisas na minha vida que não previ e que agora há muitos momentos que não sei como reagir. Mas estou a aprender, por isso tento, com todas as minhas forças, deixar-me ir sempre que posso. Não antecipar problemas sempre que consigo e desligar-me de preocupações, quando não as posso solucionar. (Confesso que fazer esse esforço, às vezes, me custa mais que tentar ser uma “control freak”)

Vou no comboio, gira e descontraída e neste momento, a não ser que ganhe super-poderes de teletransporte ou de mover objectos à distância, não vou conseguir estender a roupa que descansa no interior da minha máquina de lavar, por isso vou concentrar-me na beleza dos meus sapatos e nos milhares que vou sacar, esta tarde, àqueles senhores da empresa rica do nosso Portugal.

Será que a Jennifer Lopez antes de ir gravar um videoclip ou a Hilary Clinton antes de uma reunião com o Obama têm as mesmas preocupações? Da próxima vez que as vir na TV vou olhar com atenção e tentar ver se há ali algum vislumbre de preocupação doméstica no olhar.

Estou a chegar ao meu destino. Wish me luck!

Violeta

3 comentários:

  1. Não me parece que essas estrelas tenham esses problemas...parece-me é que têm quem se preocupe com isso por elas! E quem lhes faça as tarefas todas!
    Já agora, bom fim de semana!

    ResponderEliminar
  2. Quase de certeza, né?
    Muito obrigada e igualmente!
    Violeta

    ResponderEliminar
  3. Ai! se os ditos problemas fossem só os domésticos... tudo seria nice, mas cá entre nós vamos acreditar que as ditas estrelas tem problemas bem mais difíceis de gerir. Pois parece que os seus olhares por vezes, deixam advinhar pensamentos com bolinha no canto superior direito, sendo que as próprias não se encontram entre as personagens princípais, mas sim quiça os seus respectivos mans e "femmes de menage" ;)

    a elisabete

    ResponderEliminar