sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Meias e Cuecas


Porque me juntei a este blogue?
É simples, questões monetárias.

Passo a contar. Há a dias o meu chefe, para quem trabalho há 10 anos em regime de freelancer, chamou-me ao escritório. Queria falar comigo. Isso só podia querer uma de duas coisas: ou boas notícias ou muito más notícias. Passei dois dias a ruminar naquilo e a tentar manter o pensamento positivo, mas algo me dizia que o vinha dali não era bom. Pensei em 1001 hipóteses e posso já adiantar que não foi nenhum delas a que se concretizou.

Chegado o dia, entrei no escritório e só estávamos os dois. Falou-me do tempo, falou-me da vida, falou-me dos filhos e perguntou-me como eu andava. Foi aqui que comecei a ter a certeza que vinha machadada certa por aí fora. E assim foi e começou ele: “Com a crise andamos a reestruturar as coisas pela casa, e resolvemos tirar-te do projecto IBM, porque arranjámos quem fizesse mais barato e blábláblá...” por esta altura deixei de ouvir, tentei manter um sorriso sereno enquanto pela minha cabeça as únicas palavras que pairavam eram “FILHO DA PUTA”.

Era um drama controlado, porque só me tiraram uma parte das funções e por isso o salário foi reduzido, mas continuei com trabalho. O verdadeiro drama veio depois, quando conheci a minha substituta: era mais magra, mais nova, muito bonita e, como se não fosse suficiente, simpática! A puta tinha tudo. A cereja em cima do bolo foi saber que, um dos colegas de trabalho, com quem em tempos tive um romance escaldante, andava em vias de a fornicar.

Umas semanas depois fiz anos e diverti-me imenso. Foi cheio de família e amigos e no dia seguinte entrei numa crise que me dura até hoje. Já passaram 2 meses. Rugas que nunca tinham visto na minha cara apareceram, o meu reflexo no espelho começou a parecer-me baço e cansado e ando com pouca vontade de fazer coisas. Estou numa crise dos 30 e alguns... mas não se nota! Juro. Continuo tão bem disposta como antes. Só à noite, quando estou sozinha, é que me permito alguma tristeza. Depois limpo a lágrima no canto do olho e lá vou dobrar meias e cuecas.
Já frequentei terapia. É bom, mas é caro. Como me reduziram o salário, uma amiga sugeriu “E se escrevesses tudo num blogue? Podia servir de terapia.”

Ok. Vamos lá então a essa plástica emocional.

Violeta

2 comentários: