sexta-feira, 4 de março de 2011

De regresso de Barcelona


Desde que soube o que se tinha passado com o Valentim (o AVC) andava ansiosa. A minha vontade foi logo apanhar o primeiro avião e ir visitá-lo ao hospital. O Zé disse-me que ele estava bem e que tinha sido só um susto, mas... não sei, precisava de vê-lo!

Antes de mais tenho que esclarecer, novamente: nunca estive apaixonada pelo Valentim. Para mim é e sempre foi um bom amigo, que esteve ao meu lado num momento especial e difícil da minha vida. Embora nunca se saiba o que futuro nos guarda, sei que ele nunca mais fará parte do meu, nem desejo isso de nenhuma forma. Não quero parecer leviana (não que me importe parecê-lo) com isto. Mas realmente há pessoas que passam pela nossa vida e nos deixam uma boa recordação, nos marcam, e por ele nutro um carinho especial. Em momentos menos felizes vou buscá-lo ao baú das recordações e viajo até ao passado. É uma espécie de Xanax:)

Como dizia, precisava de o ver. Sabes como é quando “precisas”?

E assim foi. O (meu) João passa muito tempo a trabalhar. Às vezes sai de manhã e volta à noite. Reuniões, almoços de trabalho, viagens. Eu não me importo e como neste momento trabalho em casa nos meus projectos pessoais, até agradeço o sossego. Vivemos na base da confiança e cada um faz o seu dia-a-dia, sem fazer muitas perguntas. Damos espaço um ao outro.

Ontem fui a Barcelona. Fui de manhã e voltei à noite. Nem foi preciso grandes desculpas. Pedi à minha querida amiga Violeta (que me acha doida) que me comprasse as viagens, que ela já está habituada a estas andanças online. Também não me apetecia usar o meu cartão. Não menti, mas não me apetecia contar a verdade.

Fui a Barcelona ver o Valentim. Já não o via há muito tempo, mas ele estava igual. O AVC deixou-o ligeiramente paralisado, mas de acordo com os médicos recuperará em breve. É uma questão de fazer fisioterapia.

Contou-me que o que o levou àquele estado foi o consumo excessivo de drogas, o que eu já desconfiava. Disse-me que andava a consumir diariamente nos últimos tempos (coca). Falou-me da nova relação séria que tem e que gosta muito da... como se chama? Não me lembro... mas que têm alguns problemas devido aos “hábitos” dele. Disse-me que se ia “deixar desta vida”. Mas eu não acredito. Contou-me mais coisas, nada que valha a pena mencionar aqui.

Despedi-me dele com um beijo nos lábios e uma festa na testa. Disse-lhe que gostava dele e me lembrava dele muitas vezes.

Ficou emocionado com a minha visita. Eu acho que ele é mais especial para mim, do que eu para ele, mas não me importa. Continuarei a recorrer aos seus caracóis malandros, quando estiver triste. Pensei também em como teria sido a minha vida se não tivesse conhecido o João quando conheci. Há quem me dissesse na altura que eu andava meia descontrolada. O costume: sexo, drogas e rock n’roll. Eu acho que não. Acho que tinha tudo controlado. Na verdade apareceu o João e a minha vida mudou. O João é um bom homem, dá-me muita paz e muita segurança, coisa que eu não tinha desde que o meu pai se matou.

 Às vezes sinto só um pouco de falta das loucuras de antes, mas dedico-me a outras coisas e tento concentrar a minha energia em coisas positivas e produtivas. Às vezes recorro às recordações também e faço uns parênteses na minha vida monocórdica e vou a Barcelona visitar um amigo ao hospital.

Gostava de ter conhecido melhor a cidade. Next time!

Elisabete

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